quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

NÃO PERCA

ESTRÉIA O FEITIÇO NA VILA,
UM DESAFIO CRIATIVO
Dias 11 e 12 de dezembro, sábado e domingo, comemorando o centenário de nascimento de Noel Rosa, o projeto cultural Menestréis de Noel estréia o espetáculo cênico-musical “Feitiço na Vila”, às 21 horas, no Teatro Filo – Rua Cuiabá, 39. É imperdível...

O espetáculo foi montado para deleite do público e para fazer pensar. Mas sua proposta foi mais longe. Respondeu ao desafio de criar um espetáculo onde a produção cultural fosse educativa dos participantes do ato artístico. Algo que acrescentasse, para os artistas e para o público, uma exploração da estética criadora na obra de Noel.

Cultivamos a idéia do Ambiente Criativo como fonte de produção. Reunimos músicos, dançarinos, atores e escritores. Comemos, bebemos, rimos, fizemos sugestões e batemos cabeça estudando. Surgiu o “Feitiço na Vila”, fazendo alusão tanto à obra de Noel como às Vilas Culturais, que são centros de criação cultural da cidade. Afinal, nossa idéia foi e é fertilizar a cultura do samba em Londrina.

Não fizemos um espetáculo de época, porque percebemos logo de cara que Noel está enfronhado na atualidade. Suas letras dialogam facilmente com o que se passa hoje em dia. Também não fizemos um espetáculo sobre a vida do poeta da Vila. O que nos interessou foi o modo como os sambas de Noel fazem parte da vida e da cultura brasileiras. Portanto, como fazem parte de NOSSAS vidas.

O espetáculo que comenta ou representa Noel, em nove aspectos: Noel compositor, Noel inovador, Noel e o boteco, Noel polêmico, Noel ponte, Noel crítico, Noel irônico, Noel romântico e Noel carnavalesco. Sempre mexendo, remexendo e fazendo analogias com a cultura e a vida nos dias atuais. Esses aspectos se impuseram pelo que a obra de Noel transpira e pelo que inspira.

Onde o poeta anda, minha gente?
Mas que pergunta boa; mas que batata quente
Disse o pessoal lá da Vila, e repete nosso cordel
Que vaga na noite e no dia; vive na terra e no céu

Não é só o espetáculo que vai ser compartilhado com o público. É a presença de Noel em sua criação. Após a estréia, o projeto Menestréis de Noel vai disponibilizar a todos que queiram o Roteiro de Referências que elaboramos e o próprio texto do espetáculo. TUDO VAI ESTAR AQUI NO BLOG.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Samba no Colégio

Noel Rosa no Colégio Vicente Rijo

O projeto Menestréis de Noel realiza nesta quarta-feira, dia 3 de novembro, às 21horas, a última apresentação prevista do espetáculo “Samba no Colégio”, onde o grupo londrinense “Entretantas” homenageia o poeta e compositor Noel Rosa, no centenário de seu nascimento. A apresentação acontece no Vicente Rijo, na abertura da Semana Cultural do Colégio, e tem como público-alvo os alunos do ensino médio e técnico, além de professores e funcionários.

A escolha do nome “Samba no Colégio” é uma brincadeira que contraria o próprio Noel Rosa. Em uma de suas mais famosas letras “Feitio de Oração”, Noel diz que “batuque é um privilégio / Ninguém aprende samba no colégio”. O espetáculo tem um tempero didático. Nele, o grupo Entretantas canta músicas do repertório do poeta da Vila, entremeadas de comentários sobre sua vida e obra, com objetivo de informar e formar novos públicos para o samba. “Fala-se muito da necessidade do ensino da cultura brasileira nas escolas, por isso decidimos levar Noel Rosa até os estudantes do ensino médio, que é uma das formas mais poéticas de reconhecimento das raízes do nosso samba”, explica Juliana Barbosa, coordenadora do projeto Menestréis de Noel. O projeto é patrocinado pelo PROMIC - Programa Municipal de Incentivo à Cultura.

Apresentações do “Samba no Colégio” já foram realizadas na UEL, no teatro do Sesc Londrina e na Concha Acústica. O grupo é formado exclusivamente por mulheres da cidade de Londrina e sua identidade com Noel Rosa vem dos temas do cotidiano popular, das dores e amores vividos pelas pessoas. Fazem parte do grupo Bete Frigeri (violão, cavaquinho, voz), Márcia Nester (voz), Maria Irene (voz), Mauren Picelli (percussão e voz), Regina Reis (violão, percussão e voz) e Sílvia Borba (voz).

A estética criadora de Noel Rosa

Opção pela cultura popular

É provavelmente pela originalidade que Noel Rosa ultrapassa sua própria época, embrenhando-se na nossa por atingi-la em seus próprios dilemas. Atinge igualmente a sensibilidade humana e influencia gerações pela capacidade de atribuir, com legitimidade, novos significados ao universo humano. O compositor explora toda a riqueza da linguagem para expressar suas relações com o ambiente, utilizando uma língua viva, que foge aos dicionários e gramáticas. Uma língua brasileira, que há muito já passou do português.

Como Noel percebeu a realidade? Em que ambiente criativo? Que valores éticos, estéticos, políticos e sociais estão presentes em sua obra? De que forma ele ressignifica o universo humano? Vamos aos poucos, trazendo toda semana composições de seu repertório que nos dão essas respostas.

Noel Rosa começou sua vida como compositor aos 19 anos, quando estudava medicina. Não demorou muito tempo para que o Brasil perdesse um futuro médico e ganhasse um de seus mais representativos compositores da cultura popular. A troca do bisturi pelo pandeiro frustrava as expectativas sociais de sua época. Na autobiográfica “Filosofia” o compositor declara a rejeição da sociedade, mas afirma que prefere ser “escravo” do samba que da hipocrisia:

O mundo me condena, e ninguém tem pena
Falando sempre mal do meu nome
[...]
Vivo escravo do meu samba, muito embora vagabundo
Quanto a você da aristocracia
Que tem dinheiro, mas não compra alegria
Há de viver eternamente sendo escrava dessa gente
Que cultiva hipocrisia

Palmeira do Mangue Não Vive na Areia de Copacabana
No samba “O ‘X’ do Problema”, o compositor trata da dificuldade que uma pessoa nascida e criada no Estácio de Sá teria, na iminência do estrelato artístico, para mudar-se do bairro suburbano. Mesmo diante de uma proposta bastante atrativa (ser estrela de cinema) o ele não concebe a ideia de sair daquele bairro, berço da primeira escola de samba. Na composição, o subúrbio e a região nobre são representados, respectivamente, por dois ecossistemas: o mangue e a areia de Copacabana. O compositor recorre à metáfora para retratar a preferência pela vida na periferia.

Já fui convidada para ser estrela do nosso cinema
Ser estrela é bem fácil
Sair do Estácio é que é o X do problema
[...]
Nasci no Estácio
Não posso mudar minha massa de sangue
Você pode ver que palmeira do mangue
Não vive na areia de Copacabana

A identidade de sangue com o Estácio incorpora todo um universo, que representa o bairro como cotidianidade popular, convívio humano e convívio na roda de samba, que afirma sua sedução comparativamente ao mundo opulento da fama. O mangue, lamacento e vívido. A areia, brilhante e estéril.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Samba: alegria nos corações brasileiros


O samba não é só gênero musical. É canto e dança, é a arte do encontro e da confraternização. É um modo de vida. É matriz africana com alma brasileira. Marginalizado nas primeiras décadas do século XX, ganhou status de símbolo nacional, quando intelectuais e artistas populares nele se encontraram.

Na forma originária, é Samba de Roda onde as pessoas cantam e dançam juntas, marcando o ritmo batendo as palmas das mãos. Na forma que o tornou a mais marcante manifestação musical popular brasileira, espalhou-se como Roda de Samba, reunindo cantores, compositores, instrumentistas e o povo. Grande parte dos sambas são criados nas rodas, a ponto de se dizer que a roda é o coração do samba.

O carnaval brasileiro é quase sinônimo de samba, seu principal ritmo. As Escolas de Samba, historicamente, foram alimentadas pela poesia, pela ginga e pelo trabalho braçal dos sambistas. Embora hoje se questione que a megaprodução do carnaval aconteça em detrimento do Samba, é ele que alimenta a vida nas quadras das escolas, o ano inteiro.

O samba é uma das culturas exemplares em termos de grupos criativos, inclusive com redes de criação: compositores e instrumentistas estabelecendo constantes parcerias. Inspira e relaciona gerações. Há inúmeros sambas onde um sambista homenageia outro, seja como inspirador do passado, seja como exemplo do presente. Há toda uma literatura do samba passada e cantada de geração a geração, chamada de Samba de Raiz.

Se podemos dizer que certas culturas têm uma memória viva, do samba podemos dizer isso literalmente: as escolas de samba cultuam e cultivam suas velhas guardas (iniciativa que devemos a Paulinho da Viola), que apresentam-se pelo Brasil e no exterior.

O samba é uma fonte de leitura de mundo. Desdobra-se criticamente sobre a política, o futebol, os costumes, o cotidiano e a história brasileiras. E transforma tudo isso em poesia e batucada.

Noel Rosa, boêmio, apaixonado pelo povo, curioso com o cotidiano, crítico, não podia mesmo dar em outra coisa: deu em samba. E nos deu muitos de nossos mais belos sambas. É por isso que vive eternamente, no coração da gente...

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Samba no Colégio anima comunidade universitária

O grupo londrinense Entretantas agradou e arrancou elogios de mais 300 pessoas em seu show no Restaurante Universitário – RU da UEL, dia 19. O espetáculo didático “Samba no Colégio”, apresentado pelo grupo, fez parte do projeto cultural “Menestréis de Noel”, patrocinado pelo Programa Municipal de Incentivo à Cultura – Promic. “Acertamos em cheio ao escolher a UEL como um dos pontos de apresentação do espetáculo didádico, pois muita gente ainda não conhecia o repertório que apresentamos, juntando a trajetória de Noel Rosa e suas composições”, diz Juliana Barbosa, coordenadora do projeto.

No espetáculo, as músicas de Noel Rosa foram entremeadas com histórias e curiosidades sobre a vida do compositor. Sambas como “Com que roupa”, “Conversa de botequim”, “Provei”, “Feitio de Oração” e “Pastorinhas” foram interpretadas com muito afinamento pelo grupo, composto só por mulheres. E elas foram atentamente acompanhadas por alunos, professores e funcionários da UEL, mostrando que o espaço do RU é para mais que comida, sendo também adequado para diversão e arte. O nome do espetáculo “Samba no Colégio” é uma brincadeira que contradiz o próprio Noel Rosa em sua letra que diz: “samba não se aprende no colégio”.

Outras apresentações do Samba no Colégio estão previstas para acontecer no Sesc Fernando de Noronha, dia 16 de setembro, na Concha Acústica, dia 17, e no Colégio Vicente Rijo, dia3 de novembro. Além da apresentação didática do grupo Entretantas, o Projeto Menestréis de Noel está produzindo em um laboratório criativo com sambistas, músicos, escritores, artistas de diversas linguagens e o público amante do samba, o espetáculo cênico-musical Feitiço na Vila para ser apresentado em dezembro, na Vila Cultural Cemitério de Automóveis. As atividades comemoram os 100 anos de nascimento do poeta de Vila Isabel, uma das raízes fortes da música brasileira.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Menestréis de Noel trabalham como grupo criativo

O projeto MENESTRÉIS DE NOEL, patrocinado pelo Programa Municipal de Incentivo à Cultura – Promic, vai homenagear Noel Rosa divulgando sua obra e pesquisando sua estética criadora, num ambiente pensado para inspirar os artistas e fertilizar a cultura do samba na cidade.


O Projeto está reunindo sambistas, músicos, escritores, artistas de diversas linguagens e o público amante do samba em um laboratório criativo, gerando um espetáculo cênico-musical que será apresentado em encontros chamados Feitiço na Vila, em dezembro, na Vila Cultural Cemitério de Automóveis, em Londrina. Além disso, o projeto vai produzir e apresentar espetáculos didáticos, chamados de Samba no Colégio, onde o grupo londrinense Entretantas vai cantar e contar ao público aspectos da obra de Noel.

Reunir Menestréis de Noel é uma maneira de falar que o projeto quer reunir amantes e pensantes da cultura do samba. Entendemos o samba como uma cultura de brasilidade, com suas rodas de convivência criativa, sua tradição de criação em parcerias, sua musicalidade, dança, ginga e profunda presença da vida popular.

O projeto Menestréis de Noel trabalha com a proposta de Grupo Criativo, reunindo pessoas que pesquisam e criam coletivamente, bem diferente das criações centradas na concepção de um único dramaturgo ou diretor, que enfatizam obter um produto. A proposta do Projeto é que a produção cultural seja educativa dos participantes do ato artístico, sejam artistas ou público.

Trabalhar um Grupo Criativo é ativar um jogo (na forma de desafio prazeroso) e um laboratório (experimentar e criar diante do desafio colocado). Há quem ainda creia que a arte é fruto de grandes dons e a criação uma espécie da inspiração mágica do artista. Mas ninguém nasce sabendo ou cria apenas por tropeçar no acaso. No texto “O autor como produtor”, Walter Benjamin fala da necessidade de criarmos não só obras artísticas, mas condições de produção, lembrando-nos que estamos em época de fusão das formas artísticas – uma espécie de grande laboratório criativo, como conscientemente propomos no projeto.

“Samba no Colégio” homenageia Noel Rosa nos 100 anos de seu nascimento

A comemoração do centenário de nascimento do compositor Noel Rosa ganha destaque em Londrina, com apresentação do espetáculo Samba no Colégio pelo grupo musical Entretantas. O grupo canta músicas do repertório do poeta da Vila, entremeadas de comentários sobre a vida e a obra de Noel Rosa, para informar e formar novos amantes do samba.
O espetáculo faz parte do projeto Menestréis de Noel, patrocinado pelo Programa Municipal de Incentivo à Cultura – Promic, que homenageia Noel Rosa, um dos maiores ícones da música brasileira, cuja criação influencia continuamente o samba e o cenário poético-musical. Apresentações do Samba no Colégio vão acontecer no Sesc Fernando de Noronha, dia 16 de setembro, na Concha Acústica, dia 17, e no Colégio Vicente Rijo, dia3 de novembro. 

O grupo Entretantas é formado exclusivamente por mulheres da cidade de Londrina. Há quatro anos elas se apresentam em bares e espaços culturais da cidade. O grupo toca e canta contando o modo de vida do povo, seu cotidiano, seus amores e suas dores. Por isso o repertório de Noel Rosa caiu como uma luva para as vozes e os gostos do Entretantas, do qual fazem parte Bete Frigeri (violão, cavaquinho, voz), Márcia Nester (voz), Maria Irene (voz), Mauren Picelli (percussão e voz), Regina Reis (violão, percussão e voz) e Sílvia Borba (voz), todas em busca de algo a dizer através do samba.