Na forma originária, é Samba de Roda onde as pessoas cantam e dançam juntas, marcando o ritmo batendo as palmas das mãos. Na forma que o tornou a mais marcante manifestação musical popular brasileira, espalhou-se como Roda de Samba, reunindo cantores, compositores, instrumentistas e o povo. Grande parte dos sambas são criados nas rodas, a ponto de se dizer que a roda é o coração do samba.
O carnaval brasileiro é quase sinônimo de samba, seu principal ritmo. As Escolas de Samba, historicamente, foram alimentadas pela poesia, pela ginga e pelo trabalho braçal dos sambistas. Embora hoje se questione que a megaprodução do carnaval aconteça em detrimento do Samba, é ele que alimenta a vida nas quadras das escolas, o ano inteiro.
O samba é uma das culturas exemplares em termos de grupos criativos, inclusive com redes de criação: compositores e instrumentistas estabelecendo constantes parcerias. Inspira e relaciona gerações. Há inúmeros sambas onde um sambista homenageia outro, seja como inspirador do passado, seja como exemplo do presente. Há toda uma literatura do samba passada e cantada de geração a geração, chamada de Samba de Raiz.
Se podemos dizer que certas culturas têm uma memória viva, do samba podemos dizer isso literalmente: as escolas de samba cultuam e cultivam suas velhas guardas (iniciativa que devemos a Paulinho da Viola), que apresentam-se pelo Brasil e no exterior.
O samba é uma fonte de leitura de mundo. Desdobra-se criticamente sobre a política, o futebol, os costumes, o cotidiano e a história brasileiras. E transforma tudo isso em poesia e batucada.
Noel Rosa, boêmio, apaixonado pelo povo, curioso com o cotidiano, crítico, não podia mesmo dar em outra coisa: deu em samba. E nos deu muitos de nossos mais belos sambas. É por isso que vive eternamente, no coração da gente...
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